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Trump está certo sobre o paracetamol? O que a OMS e um estudo com 2 milhões de crianças revelam

Trump está certo sobre o paracetamol? O que a OMS e um estudo com 2 milhões de crianças revelam

Por Larissa Alana, Docente do Curso de Pós-Graduação da Inspifar

A polêmica voltou com tudo. Bastou uma declaração de Donald Trump para que o debate sobre a suposta ligação entre paracetamol na gestação e autismo incendiasse as redes novamente.

Mas a ciência, felizmente, é mais rápida que a desinformação. Hoje mesmo, terça-feira (23/9), a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou um ponto final na especulação, afirmando categoricamente: não há evidências científicas que comprovem essa relação.

Diante do caos informativo, nosso papel como farmacêuticos nunca foi tão claro. Este artigo é seu guia rápido para desarmar essa bomba de desinformação com os melhores argumentos científicos e proteger seus pacientes.

Trump diz que grávidas não devem usar Tylenol, associando o medicamento ao autismo nesta segunda-feira, 22/09/25. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que a FDA (Food and Drug Administration) irá notificar médicos sobre a possível associação entre o uso de Tylenol durante a gravidez e um “risco muito maior de autismo”.

A armadilha da correlação: por que ver não significa crer

O argumento central dos boatos é simplista: os diagnósticos de autismo aumentaram, e o uso de paracetamol também. Logo, um deve causar o outro. Errado.

Como sabemos, correlação não implica causalidade. É o erro mais clássico da interpretação de dados. Achar que duas tendências crescentes estão conectadas pode ser coincidência ou, como neste caso, o resultado de um fator oculto.

O fator oculto: a verdadeira razão da “associação”

Estudos antigos até encontraram uma ligação estatística fraca, mas eles falharam em responder à pergunta mais importante: por que a gestante usou paracetamol?

Ninguém toma um medicamento por nada. O uso do fármaco é consequência de infecções, febre ou inflamações. E são justamente essas condições maternas — somadas a outros fatores como idade avançada e doenças autoimunes — que são fatores de risco conhecidos para o autismo.

O paracetamol, portanto, não era a causa, mas sim um marcador da presença desses outros fatores, criando uma associação artificial e enganosa.

O estudo que isolou a verdade em 2024

Qualquer dúvida que restava foi aniquilada por um estudo massivo publicado na prestigiosa revista JAMA em 2024. Analisando mais de 2,4 milhões de crianças, os pesquisadores usaram uma metodologia brilhante: o controle de irmãos.

Ao comparar irmãos que compartilham genética e ambiente, em que um foi exposto ao paracetamol no útero e o outro não, o efeito do medicamento pôde ser completamente isolado.

O resultado? Inequívoco. Na análise controlada, a relação entre paracetamol e autismo simplesmente desapareceu.

Link do estudo: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2817406

Referência: AHLQVIST, V. H. et al. Acetaminophen Use During Pregnancy and Children’s Risk of Autism, ADHD, and Intellectual Disability. JAMA, v. 331, n. 14, p. 1205-1214, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1001/jama.2024.3172. Acesso em: 23 set. 2025.

Paracetamol não causa autismo

Esta afirmação, hoje, não é mais baseada na “ausência de evidência”, mas sim na “evidência de ausência” de uma ligação causal. É um patamar de certeza científica muito mais elevado.

Então, por que os diagnósticos de autismo aumentaram?

Se a culpa não é do paracetamol, o que explica as estatísticas? Simples: nossa capacidade de enxergar o que sempre esteve aqui.

  • Critérios diagnósticos mais amplos: o conceito de “espectro” inclui perfis que antes não eram diagnosticados.
  • Mais informação e acesso à saúde: pais e profissionais estão mais alertas e capacitados.
  • Redução do estigma: a maior aceitação social encoraja as famílias a buscarem o diagnóstico.

Em resumo: não vivemos uma “epidemia” de autismo. Vivemos uma epidemia de conhecimento e acolhimento, permitindo que mais pessoas recebam o suporte que merecem.

Sua missão: ser o porto seguro contra o mito

A discussão sobre o paracetamol é um lembrete poderoso de nossa responsabilidade. Em um mundo inundado por charlatanismo, o farmacêutico é a linha de defesa da ciência.

  1. Descomplique a ciência: explique aos pacientes, de forma clara, por que correlações enganam e como estudos mais robustos, como o de controle de irmãos, trazem a verdade à tona.
  2. Oriente com racionalidade: mantenha a recomendação padrão. O paracetamol segue sendo uma opção segura na gestação quando necessário (para tratar febre ou dor, que sim, oferecem riscos), sempre na menor dose eficaz e pelo menor tempo.
  3. Proteja com autoridade: sinta-se seguro. Sua orientação está alinhada com as evidências mais fortes da atualidade e tem o respaldo oficial da Organização Mundial da Saúde.

Armados com fatos, podemos tranquilizar nossos pacientes, desmantelar mitos perigosos e honrar nosso compromisso com a saúde baseada em evidências.

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Respostas de 2

  1. Ter sempre um respaldo fundamentado em fortes fatos científicos é fundamental para seguirmos avantes e certeiros com a nossa profissão. Avançando na farmácia.

  2. Atuo na área da psiquiatria e convivo diariamente com médicos psiquiatras, psicólogos e neuropsicólogos. Posso afirmar que a questão do autismo tem se transformado em um verdadeiro mercado. Infelizmente, observamos muitos diagnósticos equivocados: pacientes chegam já com o rótulo de autismo e, após avaliação criteriosa, constatamos que não apresentam o transtorno.
    Na minha percepção, o autismo passou a ser utilizado, em alguns casos, como uma forma de busca por aceitação social ou até mesmo para obtenção de benefícios fiscais, que deveriam ser destinados apenas às pessoas realmente autistas e que de fato necessitam desse amparo.

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O Autor

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